
1 - Li que você não acredita em Deus. É verdade?
Marcelo Reis, Cuiabá (MT)
Não no Deus tradicional. Acredito no Deus-natureza, formado pelas pessoas e pelos animais. Não gosto de religião, e sim da religiosidade. Se uma pessoa vai à igreja, fica lá consigo mesma e com alguém que ela está imaginando e isso lhe faz bem, acho positivo. Essa igreja é perfeita. Mas aquela que ganha dinheiro, explora os pobres e transforma religião em comércio está errada.

Paula Lopes, Itaboraí (RJ)
Gosto de viver em contato com a natureza. Enquanto há colegas que no fim de semana ficam na balada, prefiro ficar por lá. Isso me faz bem e me ajuda. Assim recarrego as energias positivas: no meu sítio, ouvindo os pássaros e macaquinhos.
3 - Já se deslumbrou com a fama?
Renata Mendonça, Londrina (PR)
Nunca. O artista que trabalha em função da câmera está condenado ao fracasso. A fama não vale nada se o ator não tiver base familiar, artística e de colegas para conviver com a carreira.
4 - Você fez muitos tipos simples na TV. Gostaria de viver um grã-fino?
Zélia Telles, Araruama (RJ)
Nunca tive essa pretensão porque simplesmente não conseguiria. A gravata estaria sempre torta e o paletó, amassado. Estaria sempre meio desajustado.
5 - Você e sua irmã Dirce (a atriz Dirce Migliaccio, que morreu em 2009) brincavam de teatro quando eram pequenos?
Bruna Pereira, São Paulo (SP)
Minha mãe colocava um lençol na janela, onde projetava nossas sombras. Fazíamos um cineminha e os vizinhos assistiam do lado de fora. Todos os irmãos participavam e os espectadores gostavam. Tinha até fundo musical.
6 - Você estreou no teatro profissional como um morto. Ficou decepcionado?
Patrícia Santos, Rio de Janeiro (RJ)
Um pouco, porque o teatro tinha muita pulga e eu não podia me coçar (risos). Era terrível! Ficava paradinho e as pulgas me comendo. Fiquei dois meses fazendo esse morto, mas com vontade. Acho que foi essa determinação que fez com que eu ficasse na carreira até hoje.

Carla dos Santos, Campina Grande (PB)
Imaginar como vai ficar o Brasil, que está caminhando para um lugar terrível. As pessoas estão cada vez piores. A violência é geral, até nos desenhos animados.
8 - Acha que faltam na TV atrações de qualidade para crianças, como Shazam, Xerife & Cia. (seriado exibido na TV Globo entre 1972 e 1974)?
Denise Sanches, Rio de Janeiro (RJ)
Sim, e não seria difícil reconstruir isso. Bastaria fazer que as crianças se interessariam. Os programas caminham para uma determinada direção e as pessoas vão junto. Se há uma boa programação infantil, a criança segue pelo caminho bom. Se houver programas violentos, a criança vai seguir por aí.
9 - Alguns novos talentos parecem mais preocupados com a fama do que com a função de atuar. Qual é a sua opinião sobre isso?
Sofia Kiyosaki, São Paulo (SP)
Já fui radical, achando que eles só queriam besteira. Você queria passar o texto e eles ficavam ouvindo música. Eram mais vazios antigamente. Hoje em dia, não vejo assim. Há ótimos atores iniciantes. Não sou daqueles que ficam metendo o pau nos novos para eles não tirarem meu lugar. Os novos devem vir e as escolas de teatro estão preparando bem.
10 - Pensa em parar de trabalhar?
Kelly Assunção, São Luís (MA)
Não vale a pena. Estou numa profissão muito boa. Posso representar até os 120 anos numa cadeira de rodas. Não é qualquer profissão que permite isso. Não tem idade para a gente! Tem jogador de futebol que se aposenta aos 30 anos, por exemplo.
