Bruno (Malvino Salvador) encontra o bebê de Paloma (Paolla Oliveira) numa caçamba – e eis que a o termo toma conta da novela (Divulgação)
Nunca antes na história da TV se falou tanto a palavra “caçamba” como na última semana, depois que Félix (Matheus Solano), em cena apoteótica de Amor à Vida (Globo, 21h15), foi delatado pelo pai como aquele que jogou a bebê Paulinha num “receptáculo de caminhões, guindastes, escavadeiras, dragas etc.”.
– O Félix roubou a menina e atirou dentro de uma caçamba, disse César (Antonio Fagundes).
– De que caçamba você está falando?, questionou Félix.
– Na caçamba onde eu encontrei a Paulinha, esclareceu Bruno (Malvino Salvador).
– Eu nunca ouvi falar de história de caçamba!, reagiu Pilar (Susana Vieira).
– O Bruno encontrou a Paulinha numa caçamba, mãe”, repassou Paloma (Paolla Oliveira).
– Eu encontrei a Paulinha numa caçamba, dona Pilar. Uma caçamba de lixo, repetiu Bruno.
Não bastasse a novela, a caçamba partiu para os outros tantos programas da Globo, apareceu nas fofocas da Rede TV!, obviamente tomou as redes sociais e chegou aos pontos de ônibus e salões de beleza. Se bobear, falamos mais “caçamba” na semana passada do que “presídio da Papuda”, para onde foram enviados os condenados no esquema do Mensalão, o fato político mais importante dos últimos tempos.
Mais do que o próprio título – que, aliás, não tem nada a ver com a história –, Amor à Vida pode ser definida pela hashtag #caçamba. Relembre abaixo outras novelas e suas palavras-chave:
⇰ ROBALO
O pescado preferido da vilã Tereza Cristina (Christiane Torloni) era a senha para os encontros furtivos dela e do pescador Pereirinha (José Mayer) em Fina Estampa (2011), de Aguinaldo Silva.
⇰ SERINGA (de conteúdo letal)
Depois que Jéssica (Carolina Dieckmann) tombou no banheiro feito um boneco de posto, não teve para mais ninguém em Salve Jorge (2012), além da caricata vilã Lívia (Cláudia Raia) e sua “seringa de conteúdo letal”.
Sob ameaça de reclassificação indicativa, a Alzira (Flávia Alessandra) teve de ficar mais pudica em ‘Duas Caras’ (2007) – mas àquela altura, o termo “pole dance” já estava na boca do povo (Divulgação)
⇰ CURICA
O jeito nada lisonjeiro de chamar a empregada doméstica começou como um xingamento em Cheias de Charme (2012), mas por causa do carisma da vilã Chayenne (Claudia Abreu).
⇰PENDRIVE
Ausência mais do que sentida na trama de João Emanuel Carneiro, foi justamente por não ter aparecido em cena para armazenar as fotos indiscretas que Nina (Débora Falabella) usaria contra Carminha (Adriana Esteves), que o termo “pendrive” marcou Avenida Brasil (2012).
⇰ PROFITEROLES
O doce francês era o maior símbolo de riqueza para os trambiqueiros Ellen (Taís Araújo) e Foguinho (Lázaro Ramos) em Cobras & Lagartos (2006) – de tão citado, virou um hit da novela.
⇰ POLE DANCE
A “dança no poste” deu o que falar quando a dançarina Alzira (Flávia Alessandra) apareceu no palco da boate de Duas Caras, em 2007. Por causa da ameaça de reclassificação indicativa, o autor Aguinaldo Silva foi obrigado a incendiar o inferninho e acabar com as exibições de Flávia, para desapontamento dos marmanjos noveleiros. Mas a prática seguiu firme e forte no imaginário nacional e, muito por causa da novela, foi incorporada aos cardápios de aulas das academias.
⇰ OPALA
Ainda não havia Twitter quando Silvio de Abreu escreveu A Próxima Vítima, em 1995. Mas se houvesse, com certeza o termo “opala”, carro preto do ameaçador e misterioso serial killer da novela, seria habitué dos Trending Topics.
