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Jerry Lewis, o rei da comédia, roda longa previsto para 2015




Lenda viva. Afastado dos filmes, Lewis se apresenta em cassinos
Foto: Josh Anderson/The New York Times


Lenda viva. Afastado dos filmes, Lewis se apresenta em cassinos
JOSH ANDERSON/THE NEW YORK TIMES
Coadjuvante de luxo no recém-lançado “Até que a sorte nos separe 2”, Jerry Lewis, um dos deuses vivos do humor, virou o ano trabalhando, no set da comédia “Big finish”, sobre um retiro para artistas do riso em fim de carreira. Foi o mais recente dos projetos encampados pelo ator e diretor de 87 anos, célebre por sucessos como “O professor aloprado” (1963) e “O terror das mulheres” (1961), em seu esforço para voltar a ter uma cadeira cativa nos cinemas — se possível, entre os campeões de bilheteria.
— A química do nosso corpo muda conforme o tempo passa, e as rugas chegam, mas a nossa habilidade de fazer rir continua a mesma — disse Lewis ao GLOBO, durante o Festival de Cannes de 2013, quando negociava sua participação como atendente de um cassino em Las Vegas na produção brasileira dirigida por Roberto Santucci e estrelada por Leandro Hassum.
Ausente das telonas por 18 anos, quando decidiu se aposentar por problemas de saúde (e indícios de perda de audição) após o lançamento de “Rir é viver” (1995), Lewis passou por Cannes no posto de protagonista do drama de tons cômicos “Max Rose”, de Daniel Noah. Ao entrar para o projeto, Lewis arrastou consigo um velho amigo, o compositor Michel Legrand. A pedido do comediante, Legrand assina a trilha sonora que embala o drama de um pianista octogenário às voltas com a suposta infidelidade de sua mulher, com quem viveu por seis décadas.
— Foi o melhor roteiro que chegou a mim nos últimos 40 anos. Por isso achei que era possível assumir o papel principal. Quando as pessoas fazem comédia com o coração gelado e a cabeça vazia, apostando em fórmulas velhas, tudo sai errado, e o público nota a burocracia. Mas “Max Rose” era vivo. E eu prometi só aceitar projetos assim. Às vezes, bate a insegurança e tenho a sensação de que Daniel Noah só me escalou por falta de comediantes de 87 anos no mercado. Mas prefiro não pensar nisso, e sim que as pessoas ainda queiram pagar ingresso para rir comigo — ironizou o ator, que, na França, desde os anos 1960, é tratado como uma divindade cômica.
Em 2013, seu rosto correu TVs de todo o planeta à frente do documentário “Método para a loucura de Jerry Lewis”, de Gregg Barson, no qual tem seu estilo de atuar dissecado por um time que vai de Steven Spielberg a Jim Carrey. Ao longo do ano passado, Lewis também foi visto em alguns dos principais festivais dos EUA, como o de Sundance, à frente da cópia restaurada de um de seus trabalhos mais polêmicos: “O rei da comédia” (1983), de Martin Scorsese. Ali, Lewis desconstruía sua própria imagem (e sua fama de ter sido um profissional intragável com colegas de elenco e diretores) como um comediante veterano sequestrado por um psicopata vivido por Robert De Niro.
— O problema maior de “O rei da comédia” era que ali o meu trabalho não era atuar. Era apenas ser eu mesmo, bancar a minha história, reinventá-la. Nos filmes mais recentes, o barato é outro: é criar — brincou o ator, que diz não demonstrar entusiasmo pela nova safra de comediantes dos EUA. — Eu convivi com várias gerações de pessoas que investiam no humor, de Cary Grant a Burt Reynolds. Hoje, eu não acho graça em ver as pessoas tentando reproduzir modelos do passado.
Antipatia por hollywood
Envolvido em causas humanitárias e com shows de humor em cassinos, Lewis passou quase duas décadas com antipatia pelas regras de Hollywood, que passaram a limitar papéis para comediantes mais velhos. Sua experiência com o diretor sérvio Emir Kusturica em “Arizona dream” (1992), ao lado de Johnny Depp e Vicent Gallo, tirou dele o interesse pelo cinemão. Até o assédio da imprensa ele passou a dispensar. Em 2009, após ser procurado pelo GLOBO com um pedido de entrevista por meses a fio, enviou como resposta um fax autografado, com sua caricatura e um texto escrito por seus agentes alegando que cobra US$ 25 mil para conceder entrevistas, mesmo para o Brasil.
— Tudo o que eu fiz na vida deu muito trabalho. Às vezes, eu esbarro com gente que acredita ser fácil fazer rir. Fazer rir demanda uma energia brutal. Mas eu ainda acredito no valor do trabalho. E tenho a consciência de que errei muitas vezes no curso dos anos, todos esses 64 em que faço cinema — disse ele, ganhador de um Oscar honorário em 2009.
Em “Big finish”, sob a direção de Martin Guigui, Lewis contracena com lendas como Debbie Reynolds e Mary Tyler Moore na saga dos moradores de um asilo ameaçado pela crise econômica dos EUA. O comediante vê o longa, que tem estreia prevista para 2015, como um espaço para a reciclagem de seus dotes para a piada.
— Quando eu chego a um filme, qualquer que seja ele, venho com mil ideias para oferecer a um diretor. Essa forma de apresentar um tipo de riso que não soe artificial — ensinou Lewis. — Uma boa comédia precisa ser bem dirigida, ter capricho, não pode soar forçada.

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